O QUE É UM BLOG?

O que dizer da função de um blog? Para mim, é a possibilidade de expressar-me livremente. É dizer ao que vim. É mandar recados sem máscaras e sem rodeios.

Ultimamente foco mais a sociedade em todos os aspectos. Gosto de Filosofia, sociologia, Antropologia, arte, cinema, poesia, musica, enfim, mas sou aquela que vive escrevendo à vida. Gosto de documentar meu pensamento através dos meus escritos. Aqui ou ali, estarei sempre deixando minha marca. Escrever é o meu grande barato. Busco temas que me identifico e falo sobre eles. Tenho uma grande necessidade de estudar, de pesquisar, de conhecer. Vivo vasculhando e remexendo em livros, enciclopédias, Internet, filmes, documentários, poesias, biografias, moda, política, tudo que diz respeito ao meu cotidiano ou assuntos documentados na história e me trazem respostas para uma constante busca que me faz viva.





sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A Última Flor do Lácio

Sou fã do Caetano Veloso e acho que suas obras são poesias geniais.
A ultima mensagem que enviei a vocês, coloquei como  fundo a canção do Caetano Veloso intitulada LÍNGUA.
Para esclarecer o motivo de minha escolha, informo que, para mim, não basta apenas escrever.  Creio que escrever é um dom que vem dos recônditos da alma... é dom.  Todavia precisamos entender que há fundamento na Poesia, na história contada ou cantada em versos... Há paródias, prosódias, sintaxes, metáforas,  tempos, sufixos, apostos, vocativos, enfim, tudo que a nossa Língua Portuguesa nos oferece.
Por isso, nada melhor do que lermos as poesias escritas e cantadas pelos artistas do nosso país.
Fiquei impressionada com a letra da canção do Caetano, após ter assistido a análise do Professor Pasquale sobre a poesia. Ele disse que a poesia do Caetano ( referindo-se principalmente a  letra da canção LÍNGUA) é sinônimo de genialidade.
Assim sendo, leiam a letra (poesia) e divirtam-se com a nossa eclética Língua Portuguesa e aproveitem, para logo depois, lerem a poesia de Olavo Bilac que, com certeza,  inspirou o Caetano a escrever essa maravilha.
Em síntese, o que quer e o que pode essa língua é uma riqueza que não devemos desprezar.
Vou pelejar no encalço de aprender a caminhar com mais retidão pelo jardim da Última Flor do Lácio.

Relembrando o Mário Quintana, vejam o que ele respondeu diante da pergunta:

Qual a palavra mais bonita da língua portuguesa?
Clair de lune, chiaro de luna, claro de luna... jamais os franceses, os italianos e os espanhóis
saberão mesmo o que seja o luar, que nós bebemos de um trago numa palavra só.


Língua
Caetano Veloso




Gosto de sentir a minha língua roçar a língua de Luís de Camões
Gosto de ser e de estar
E quero me dedicar a criar confusões de prosódia
E uma profusão de paródias
Que encurtem dores
E furtem cores como camaleões
Gosto do Pessoa na pessoa
Da rosa no Rosa
E sei que a poesia está para a prosa
Assim como o amor está para a amizade
E quem há de negar que esta lhe é superior?
E deixe os Portugais morrerem à míngua
"Minha pátria é minha língua"
Fala Mangueira! Fala!

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Vamos atentar para a sintaxe dos paulistas
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas! Cadê? Sejamos imperialistas!
Vamos na velô da dicção choo-choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Holanda nos resgate
E – xeque-mate – explique-nos Luanda
Ouçamos com atenção os deles e os delas da TV Globo
Sejamos o lobo do lobo do homem
Lobo do lobo do lobo do homem
Adoro nomes
Nomes em ã
De coisas como rã e ímã
Ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã ímã
Nomes de nomes
Como Scarlet Moon de Chevalier, Glauco Mattoso e Arrigo Barnabé
e Maria da Fé

Flor do Lácio Sambódromo Lusamérica latim em pó
O que quer
O que pode esta língua?

Se você tem uma idéia incrível é melhor fazer uma canção
Está provado que só é possível filosofar em alemão
Blitz quer dizer corisco
Hollywood quer dizer Azevedo
E o Recôncavo, e o Recôncavo, e o Recôncavo meu medo
A língua é minha pátria
E eu não tenho pátria, tenho mátria
E quero frátria
Poesia concreta, prosa caótica
Ótica futura
Samba-rap, chiclete com banana
(– Será que ele está no Pão de Açúcar?
– Tá craude brô
– Você e tu
– Lhe amo
– Qué queu te faço, nego?
– Bote ligeiro!
– Ma’de brinquinho, Ricardo!? Teu tio vai ficar desesperado!
– Ó Tavinho, põe camisola pra dentro, assim mais pareces um espantalho!
– I like to spend some time in Mozambique
– Arigatô, arigatô!)

Nós canto-falamos como quem inveja negros
Que sofrem horrores no Gueto do Harlem
Livros, discos, vídeos à mancheia
E deixa que digam, que pensem, que falem

© Editora Gapa
62527150 BRMCA8400167


Ficha técnica da faixa

voz: Caetano Veloso
guitarra: Toni Costa
sax e flauta: Zé Luiz
bateria: Marcelo Costa
percussão: Armando Marçal
teclado: Ricardo Cristaldi
baixo: Tavinho Fialho
participação: Elza Soares



A Última Flor do Lácio
A expressão "Última flor do Lácio, inculta e bela" é o primeiro verso do poema de Olavo Bilac. Esse verso é usado para designar o nosso idioma: a última flor é a língua portuguesa, considerada a última das filhas do latim. O termo "inculta" fica por conta de todos aqueles que a maltratam (falando e escrevendo errado), mas que continua a ser bela. Veja o poema completo de Olavo Bilac sob o título "Língua Portuguesa"
 Língua Portuguesa Olavo Bilac 

Última flor do Lácio, inculta e bela,
És, a um tempo, esplendor e sepultura:
Ouro nativo, que na ganga impura
A bruta mina entre os cascalhos vela…

Amo-te assim, desconhecida e obscura.
Tuba de alto clangor¹, lira singela,
Que tens o trom² e o silvo da procela³,
E o arrolo4 da saudade e da ternura!

Amo o teu viço agreste e o teu aroma
De virgens selvas e de oceano largo!
Amo-te, ó rude e doloroso idioma,

em que da voz materna ouvi: "meu filho!",
E em que Camões chorou, no exílio amargo,
O gênio sem ventura e o amor sem brilho!


Olavo Bilac, além de poeta parnasiano, cronista, contista, conferencista e autor de livros didáticos, deixou também na imprensa do tempo do Império e dos primeiros anos da República, vasta colaboração humorística e satírica, assinada com os mais variados pseudônimos, entre os quais os de Fantásio, Puck, Flamínio, Belial, Tartarin-Le Songeur, Otávio Vilar, etc., assinando, em outras vezes, o seu próprio nome. Nascido no Rio de Janeiro a 16 de dezembro de 1865 foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras, em que ocupou a cadeira nº. 15, que tem Gonçalves Dias por patrono. No seu principal livro, "Poesias", incluiu Bilac alguns sonetos satíricos, sob o título de "Os Monstros". Escreveu livros em colaboração com Coelho Neto, Manuel Bonfim e Guimarães Passos, sendo que, com este último, o volume intitulado "Pimentões", de versos humorísticos.
¹ som rijo e estridente.
² o som de trovão.
³ tempestade marítima.
4 o mesmo que arrulho, canto de pombos.
  


Musica de fundo: LINGUA - CAETANO VELOSO E ELZA SOARES

(A GENIALIDADE DO CAETANO EXPLANANDO NOSSA LINGUA)

FLOR DO LÁCIO, SAMBÓDROMO....  (DEMAIS)




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